Redação
O nome dele já é conhecido nos bastidores da política local e agora nos registros policiais. Na noite da última terça-feira (27), o policial penal aposentado e ativista político Marcos Antônio Miranda, popularmente conhecido como "Pedala", de 61 anos, protagonizou mais um episódio lamentável que terminou com a intervenção da Polícia Militar e a lavratura de um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) por desacato a servidor público. A vítima, identificada pelas iniciais J.R.S, atua como recepcionista no Centro de Referência, unidade que integra o programa municipal "Mais Tempo, Mais Saúde", voltado para o atendimento de trabalhadores no período noturno.
Segundo o boletim policial, Pedala chegou ao local acompanhado de seu filho menor. Após passar por uma triagem com um profissional de enfermagem, o ex-candidato a vereador não gostou do direcionamento dado ao atendimento do garoto e, em alta voz, começou a ofender verbalmente a recepcionista, que apenas cumpria o protocolo estabelecido. O Centro de Referência atende prioritariamente adultos que trabalham durante o dia e não têm condições de buscar assistência médica em horário comercial. Quando o atendimento de uma criança ou adolescente é solicitado fora do escopo do programa, um enfermeiro realiza avaliação e, se necessário, encaminha o paciente ao Hospital Laura de Vicuña ou à unidade de saúde do bairro, conforme a gravidade do caso.
Após o ataque verbal, Marcos deixou o local com o filho e desapareceu pelas ruas da cidade. Mas não por muito tempo. A guarnição da Polícia Militar realizou diligências rápidas e conseguiu localizá-lo nas imediações da Rua Osvaldo de Campos. Sem apresentar resistência, o suspeito foi conduzido à sede da 1ª Companhia da PM em Nobres, onde permaneceu até a confecção do TCO e, posteriormente, foi liberado sem apresentar lesões. O caso foi registrado como desacato a servidor público no exercício da função — artigo 331 do Código Penal Brasileiro.
O episódio reacende uma velha ferida na memória dos servidores públicos de Nobres. A recepcionista J.R.S, vítima do desacato, já havia sido alvo de ofensas por parte de Pedala em um caso ocorrido no ano passado, quando atuava no Hospital Laura de Vicuña. Coincidência ou perseguição? O fato é que, mais uma vez, o temperamento agressivo e impulsivo do ex-candidato volta a se evidenciar. Pedala, que já foi um dos principais opositores do ex-prefeito Leocir Hanel (UB) e agora ataca a gestão do atual prefeito Zé Domingos (UB), parece não ter aceitado o resultado das urnas. Em ambas as eleições em que apoiou a odontóloga Dra. Simone Mendes (PSB), em 2020 e 2024, a derrota foi clara, mas a oposição permanece feroz.
E como se não bastasse o histórico recente, há fantasmas mais antigos que voltam à tona. No calor das eleições de 2024, o então candidato a vereador Marcos Pedala protagonizou uma cena digna de filme de ação pelas ruas de Nobres perseguindo o jornalista André Godoy, do portal "Fatos de Nobres", ao lado de uma chegando a atingir o veículo do profissional. A tentativa de intimidação não parou por aí: houve ameaças verbais e, dias depois, a coligação "Nobres para Todos", da qual fazia parte, tentou tirar o site do ar por meio da Justiça Eleitoral. O juiz responsável rejeitou o pedido, reforçando que liberdade de imprensa é um direito constitucional e que não se pode alegar fake news sem provas concretas.
Além disso, durante aquele período conturbado de campanha, outros dois jornalistas locais relataram terem sido ameaçados e ofendidos verbalmente por Pedala em grupos de WhatsApp. Embora as ameaças não tenham sido concretizadas fisicamente, os ataques verbais deixaram marcas e reforçaram a fama de intolerância do ex-candidato. E para completar o dossiê de polêmicas, uma fonte policial revelou que o veículo de Pedala, um Ford Ka, chegou a ser apreendido por estar com a documentação irregular.
É inegável: o nome de Marcos "Pedala" Miranda desperta sentimentos intensos — seja entre apoiadores fervorosos ou entre críticos indignados com seu comportamento reincidente. O que chama atenção é o fato de o mesmo cidadão que cobra respeito e moralidade na política local, não conseguir conter seus impulsos nem mesmo diante de servidores públicos que, como J.R.S, apenas cumprem seu dever em um serviço voltado à saúde da população. O Centro de Referência, onde tudo aconteceu, é justamente um símbolo de inclusão no atendimento: uma proposta inovadora da Secretaria de Saúde de Nobres que busca atender quem trabalha durante o dia e precisa de assistência no período noturno.
Mas para quem prefere o palanque ao diálogo, até uma recepcionista em serviço vira alvo de revolta. E assim segue o drama de Nobres, onde o palco político, muitas vezes, se confunde com a Cia da Polícia Militar e com a delegacia da Polícia Civil.