Seu Eurídes Mendes com o seu netinho no colo (Foto: Marcos Lopes) |
Kauana Mikaelle Com a Colaboração de Marcos Lopes
Daqui há cerca de uma semana (25 de julho) será celebrado o Dia do Motorista e conduzir um trator, uma ambulância ou um ônibus escolar vai muito mais que dirigir um veículo e a limpeza e assistência médica são apenas dois exemplos de serviço público que dependem dos profissionais do volante. Eles são responsáveis pelo transporte de materiais, pela operação de equipamentos e pelo deslocamento de servidores e pacientes, são, portanto, essenciais para que tudo funcione.
A responsabilidade ainda se torna maior, por conta de todo o cuidado que devem ter no trânsito a cada novo dia de trabalho tanto na sua cidade de origem e também quando estão em deslocamento para a Capital ou alguma cidade polo do Estado no translado de pacientes.
Foram muitas as pessoas que que atuaram e que atuam nos diversos setores municipais e colaboram e colaboram com o funcionamento da estrutura pública e com as operações dos serviços que atendem à população e como forma de homenagear estes profissionais do volante este portal de notícia escolheu o senhor Eurides Mendes , popular “Seu Pinto”, morador do Distrito de Bom Jardim que pode-se dizer que é uma história viva dentro da zona rural quando o assunto é transporte escolar.
A História
Uma pessoa simples, educada, generoso em suas palavras, as vezes um pouco comedido outrora acanhado, mas que gosta de conversar sobre as suas experiências de vida, tanto pessoal como profissional, mas não é muito simpático a microfones e câmeras, assim podemos definir Eurides Mendes, “Seu Pinto” , como é chamado carinhosamente por amigos e familiares , apelido este dado por seu avô paterno.
Mesmo sendo avesso a microfones e câmeras após uma boa conversa de bastidor, ele aceitou conversar com a nossa equipe mas com a condição de nada ser gravado e suas histórias serem apenas anotadas em nosso bloco de notas e o que foi acatada por nós.
Ele começou contando que chegou à Região em 1974 durante a segunda gestão do então prefeito Auro Borges Serra (31/01/1973 - 31/01/1977) para trabalhar na atividade de serviços gerais na Fazenda Agropecuária São José e que os fazendeiros arrendavam pequenas áreas para pequenos poceiros, mas que por volta de 1985 a fazenda começou a sofrer invasões e que alguns anos depois foi desapropriada pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária.
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Foto: Acervo/Prefeitura de Nobres |
Aqui, vamos fazer uma pequena pausa para falar sobre essa desapropriação da Fazenda Agropecuária São José e como surgiu a região do Distrito de Bom Jardim, cuja extensão era de 50.000 hectares , que pertencia a um fazendeiro do Rio de Janeiro e que não honrou a dívida que ele fez com o Banco do Brasil para a compra das terras, e esta foi tomada pelo mesmo. Por volta de 1985, o então Ministro da Reforma Agrária,Dante Martins de Oliveira na gestão presidencial de José Sarney (1985-1990), dividiu a enorme fazenda em vários terrenos de 100 hectares para cerca de 700 famílias vindas de várias regiões do Brasil e a partir daí originou-se a Vila de Bom Jardim que posteriormente foi alçada a condição de Distrito de Nobres.
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Dante Martins quando foi Ministro da Reforma Agrária na gestão do então presidente José Sarney. (Foto: Acervo Nacional) |
Após, essa breve pausa no relato de Seu Eurídes, vamos retornar ao relato dele que nos contou que a partir do começo da década e 1990 mais famílias começaram a chegar à Vila Bom Jardim sendo o prefeito nesta época, Amélio Dalmolin (01/01/1989 - 31/12-1992) e que após a desapropriação da Fazenda Agropecuária São José, decidiu ir trabalhar em outras fazendas da região entre os anos de 1989 a 1993.
Após retornar a Nobres, ele relata que a cidade era administrada pela então prefeita Lídia Barbosa Nogueira (até hoje a única mulher a comandar o Poder Executivo Municipal) e que conseguiu o emprego de motorista do ônibus escolar da Zona Rural de Nobres e é a partir daqui que começa de fato as histórias e “aventuras” dele como motorista do transporte escolar que atendia os alunos dos Distritos de Bom Jardim e Coqueiral.
Quando perguntado como era o transporte escolar nesta época em comparação com os dias de hoje fazendo um comparativo entre todas as gestões que passaram pelo Paço Municipal neste intervalo, ele fez um breve relato e citou que durante a gestão da prefeita Lídia Barbosa (01/01/1993 - 31-12/1996) ele dirigia um ônibus que tinha o famoso câmbio “coça- sovaco” (devido ele ser alto e ficar literalmente embaixo do braço quando se fazia necessário trocar de marcha), mas que na gestão do prefeito Devair Valim (01/01/1997 - 31/12/2000) que logo “que assumiu comprou um ônibus usado, mas em condições melhores e quem nem se comparavam com a situação do ônibus anterior”.
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Foto: Acervo/Prefeitura de Nobres |
“Na época da Dona Lídia, eu dirigia um ônibus velho e o câmbio era aquele “coça- sovaco” alto demais que pra trocar de marcha a gente tinha que fazer muita força por ser grande e pesado, era bem antigo mesmo, antes mesmo do tempo do ‘epa’ (risos) e os alunos andavam mais a pé do que dentro do ônibus que quebrava com frequência e quando o Devair assumiu como prefeito, ele já comprou um ônibus usado, mas em melhores condições para levar os alunos daqui de Bom Jardim até Coqueiral e esse ônibus que ele (Devair) comprou quebrava bem menos, pois nós fazíamos a manutenção preventiva nele e no outro anterior, nem a preventiva resolvia e todo mês quando íamos pra Nobres pra receber o nosso pagamento, a gente levava o ônibus para fazer a manutenção geral com o 'Zé do Taio’ que era o mecânico naquela época e nada funciona 100%, mas com o Devair o transporte escolar melhorou uns 80%”, relembrou Seu Eurídes que ainda salientou que nos dias atuais a atual gestão comprou alguns ônibus novos , mas que preferia não fazer mais comparações com gestões anteriores por conhecer muitas pessoas que são ligadas atual administração e também porque na visão dele, qualquer coisa que ele disse poderia ser vista como uma questão política e por isso pediu que mudássemos de assunto, o que também foi prontamente atendido pela nossa equipe.
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Foto: Acervo/Prefeitura de Nobres |
Ao mudarmos de assunto perguntamos ao Seu Eurídes se ele se lembrava de algum fato diferente ou engraçado que aconteceu na época em que ele dirigia o ônibus escolar, prontamente nos narrou a história do dia que uma roda do ônibus acabou saindo de uma ponte e ao tentar erguer o mesmo com um “macaco” para por uma prancha de madeira para sair com o veículo do local, acabou caindo dentro do rio e para os alunos foi uma diversão só ver isso acontecer.
“Tenho vários fatos que aconteceu pra contar. Tem um que eu me lembro, e essa história foi engraçada, porque a gente saía daqui [da Vila de Bom Jardim] e fazia a Xurupita , a Saloba e entrava na ponte que vai pro Quebó na primeira entrada que vai pra Coqueiral e aí umdia de tardezinha, soltou as 5 horas a aula e na segunda ponte do Quebó, na época era de madeira e o estado dela estava bem cheia de buracos em volta e nas cabeceiras e foi um caso que fiquei pensando como que pode dar tudo errado ,eu cheguei, parei o ônibus e falei: ‘criançada vocês descem, passem e me esperem lado de lá e no que eu fui, a roda caiu dentro do buraco, e eu tina um macaco, pensei, eu macaqueio o ônibus, boto uma prancha debaixo e vou . Ai desci com o macaco e essa prancha tinha no mato e já estava levantado o ônibus , mas ainda precisa do macaco pra levantar ainda mais o ônibus pra por uma prancha bem embaixo da roda e aí o macaco acabou caindo dentro do rio e eu acabei caindo também dentro do rio, e de noite pra caçar esse macaco a noite e no escuro e a molecada achou graça de tudo e até q conseguimos sair de lá já era umas 9 horas, mas graças a Deus chegamos todos bem em casa”, contou Seu Eurídes com um olhar nostálgico e muito emocionado .
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