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Por onde andam as bandas de lambadão que fizeram sucesso em Cuiabá entre os anos 90 a 2000?

 Gazeta Digital

Calor acima dos 35 graus, linguajar único, baguncinha com maionese temperada e estilos musicais variados são alguns dos ítens indispensáveis quando o assunto são os 303 anos de história de Cuiabá.

 Um dos estilos musicais que marcou a capital é o lambadão. Muito presente na Baixada Cuiabana entre os anos 90 e 2000, o ritmo rompeu as fronteiras das festas de santo do interior, chegando até a capital de Mato Grosso ainda nos anos 90 e sendo reconhecido como movimento cultural e musical em 2019, através da lei 10.809/2019.

 Basta ouvir a sinfonia inicial do teclado presente no hit “Vou forrozar” que a memória nos leva até o ano de 2001, onde a banda Stillo Pop Som tomava conta dos aparelhos de som das casas da Baixada Cuiabana.

 Um rapaz de 13 anos de idade, incomodado com as músicas tocadas pela banda contratada para animar uma festa de santo decide, por conta própria, produzir algumas composições e tentar fazer diferente.

 Assim começa a relação de José Adão - mais conhecido como Tô - com o lambadão. O músico de 46 anos, dedica 31 deles à noitadas de lambadão.

Nascido no distrito de Bauxi, em Rosário Oeste (128 km ao Norte de Cuiabá), José Adão é neto de festeiros e foi tecladista e vocalista da Stillo Pop Som. Após 5 anos sendo baterista e vocalista da banda de lambadão Estrela Guia, ‘Tô’ relata ao Gazeta Digital que foi sondado por Sidnei, idealizador da Stillo Pop Som, no ano de 1994.

 O músico atribui o sucesso da banda, principalmente à inovação na forma de se utilizar os instrumentos musicais, destacando o teclado. “Naquela época tinha muita banda mal organizada e ele (Sidnei, idealizador da banda) chegou inovando com o teclado, com o eletro ritmo e aí juntando o talento dele com minha voz e meu jeito de tocar guitarra, as coisas foram acontecendo”, relembra José Adão ao afirmar que naquela época começou a tocar em todos os bailes da região, até chegar em Cuiabá.

 Após uma discussão com o proprietário da banda, José Adão deixa a Stillo Pop Som e então recebe o convite para fazer parte de uma banda que levaria o nome de Styllus de Rosário. É então que ao visitar o nordeste, ‘Tô’ viu de perto o sucesso da banda ao ouvir o hit “toque toque Dj” sendo tocado tanto lá, quanto em outros lugares do Brasil.

 

 Após sua passagem pelo nordeste, o músico volta para Cuiabá com conhecimento musical na bagagem e então oferece seus serviços a outras bandas. “Eu queria tocar, dar uma mudada naquilo que estava acontecendo, trazer inovação. Entrei em contato com várias bandas mas ninguém aceitou”, conta ‘Tô’ ao Gazeta Digital .

 Então, em uma festa de carnaval em Nobres, José Adão coloca em prática todo conhecimento adquirido no nordeste e o público é receptivo com a ‘nova pegada’ do lambadão. Após isso, ‘Tô’ volta à Stillo Pop Som e vê novamente o sucesso da banda alcançar um novo patamar com a gravação do CD realizada durante um show na cidade de Cáceres (225 a oeste de Cuiabá). “Na hora do show o cara falou ‘rapaz eu gostaria que você fizesse uma seleção com bastante música daquela que vocês estavam passando som’, e nisso ele gravou e soltou aquele CD e foi um estrondo, foi um fenômeno”.

 


 A primeira aparição da banda em Cuiabá foi no parque de exposições e marcou a memória de José Adão, que relembra aquela noite com muito carinho. Ao narrar como se deu o fim do grupo, ‘Tô’ conta ao Gazeta Digital que no ano de 2005 a Stillo Pop Som fez sua última apresentação para um grande público, no estacionamento de uma universidade privada da cidade vizinha, Várzea Grande.

Desde então, os integrantes da Stillo Pop som mantém contato por meio de aplicativo de mensagens e até encontros ocasionais, como foi o caso da live realizada em maio de 2020, período inicial da pandemia de coronavírus e ‘movimento das lives’.

 Após isso, a banda se reuniu mais uma vez em Cuiabá, em setembro de 2021, nos estúdios da TV Vila Real, para comemoração de 1 ano do programa Lambashow, que celebra o lambadão na TV aberta.

 Atualmente, os integrantes da banda assumiram outras profissões como servidor público, empresário e no caso de José Adão, motorista de transporte coletivo.

 ‘Tô’, que atua na área do transporte público de Cuiabá há 3 anos, conta que a necessidade do sustento diário aliada ao prazer de dirigir fez parte da escolha pela profissão. “Por eu depender do transporte coletivo, eu tento passar para nossos usuários o melhor que a  gente pode fazer”, relata José Adão ao explicar parte de sua rotina no trabalho e finaliza dizendo que as duas coisas que mais ama fazer é dirigir e tocar.

 “Arrocha menino!” é a fala que marca as músicas de uma das bandas que também contribuíram com a história do lambadão em Cuiabá; Erre Som. Formada pelos irmãos Ronny, Ronildo e Ronaldo em 1994, a Erre Som chama atenção pelo seu ritmo diferenciado, com uso de guitarras e teclado, bem como a animação e trajes de seus integrantes e bailarinos.

 Erre Som

O tecladista e produtor musical Ronaldo Soares, 41, relata ao Gazeta Digital . que ainda no ano de 1994, quando fazia parte da banda Estrela Dalva, de Poconé, pensou em formar a banda com os irmãos, que até então eram uma dupla sertaneja, que levava o nome de Ronny e Ronildo, enquanto Ronaldo fazia dupla com Robson Aires, que na época assumia o nome de Ronan, sendo assim Ronan e Ronaldo.

 Ronaldo vê o lambadão como uma fórmula de sucesso e diz buscar sempre renovar o ritmo por meio das batidas, tomando o cuidado para não perder a essência.

O fato é que a gravação do primeiro DVD da banda, realizada em 2007 e disponibilizada em plataforma de vídeo online, acumula mais de um milhão de visualizações e conta com ilustres presenças, como ‘Batman’ e ‘Mulher Maravilha’. 


Com letras sobre situações atuais, a Erre som é dona de hits que ficaram na cabeça do cuiabano até hoje, é o caso de ‘Muito Chifre na Cabeça’, ‘Batman do Amor’ e ‘WhatsApp’. Sobre as composições, o produtor musical Ronaldo Soares afirma: “Nós sempre buscamos temas baseados no momento, por exemplo a música Batman do amor, que foi escrita pelo Cantor Ronny na Época que o filme do Batman estava em Cartaz”, relata o músico, que se diz atento aos acontecimentos presentes como forma de se inspirar para criação de músicas.

 A banda Erre Som ainda é ativa e realiza shows por todo estado de Mato Grosso, tendo a música como única e principal fonte de renda.

 Erre Som

Erre Som se apresenta no Projeto Viva o Seu Bairro, em 2019

 “Hoje pra mim não tem mais lambadão não” é o que afirma Carlos Bonfim, vocalista da banda Os Maninhos, uma das primeiras a alcançar o sucesso ainda nos anos 90.

Os Maninhos

 Então, em 1994, a banda recebe o apoio e investimento de empresários e sócios, dando início a uma longa carreira, composta por hits como ‘Coxa Ela’ e ‘Dança da Galinha’

 

 Carlos se lembra das entrevistas em veículos de comunicação, dos shows lotados, gravações em fita cassete e LPs, até que ocorreu a gravação do primeiro CD da banda, em 1998, somando 8 produções gravadas oficialmente.

 Bonfim atribui ao fim do rasqueado o sucesso do lambadão mas cita em entrevista ao Gazeta Digital . que o ritmo conseguiu penetrar ambientes antes não imaginados, graças ao primeiro CD e parcerias com artistas do rasqueado. “Gradativamente a gente foi entrando na mídia, na sociedade, já não era mais só bailes periféricos. A gente começou a entrar nas casas noturnas mais centrais através desse CD de rasqueado”, conta Carlos.

 O último encontro da banda ocorreu em 2018, em um DVD que não chegou a ser lançado, ficando apenas no rascunho. Então, em julho de 2018 Carlos Bonfim decide acabar com a banda. “Encerrei a carreira justamente por não ter dado mais certo este trabalho e outros que eu havia feito não estavam emplacando, aí cansei”, narra Bonfim, que agora atua como motorista de aplicativo e justifica sorrindo “Vim trabalhar de verdade, porque músico e cantor dizem que não é profissão né?”.

Os Maninhos

Atualmente ele é evangélico e utiliza a música no corpo musical da igreja onde congrega. “Todos nós temos um chamado na vida, para fazer a obra do Senhor. Como eu cantei tanto tempo para o mundo, então eu falei dessa vez é pra valer, vou usar o meu dom que Deus me deu para cantar louvores e levar a obra do Senhor para todos aqueles que precisam”, finaliza Carlos ao afirmar que “Hoje pra mim não tem mais lambadão não. Hoje misturou forró com pisadinha. Lambadão não existe mais hoje. Lambadão foi aquela época nossa”.

O lambadão ocupa um lugar especial na memória e coração daqueles que vivem ou passaram por Cuiabá. Marcado como o ritmo dos mato-grossenses, ganhou espaço no rádio, na TV e principalmente na internet, onde os mais jovens perpetuam, através de vídeos e memes, o estilo musical que ainda resiste.

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